Este blog é para postar os artigos que são publicados no jornal A Folha Regional, de Getúlio Vargas, de autoria de Paulo Dalacorte.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Semana Farroupilha – Das Lendas e Lutas à Glória

“Não basta pra ser livre, Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude, Acaba por ser escravo” – Hino Rio-Grandense


A história de luta do povo gaúcho fez com que, entre 14 e 20 de setembro, sejam comemorados e exaltados estes feitos. É a Semana Farroupilha.
Meados de 1700, e os pampas gaúchos já despertavam o interesse dos colonizadores. O desenvolvimento nas missões jesuíticas provocava espanto nas cortes da Europa. Procurando se desprender dos colonizadores espanhóis e portugueses, o cacique Sepé Tiaraju, nascido nos aldeamentos jesuíticos dos sete povos das missões, foi o líder e comandante dos Guaranis nos diversos conflitos existentes estes e os colonizadores. Na famosa Guerra Guaranítica se dizimaram grande parte dos 30.000 índios. Sepé Tiaraju, que disse aos colonizadores: “Não preciso esmolar liberdade” e “Esta terra tem dono” deixou um exemplo de amor e luta pela sua terra. Hoje seu nome é uma lenda e símbolo da sonhada liberdade.
Após um século, entre setembro de 1835 a março de 1845, houve a Revolução Farroupilha. Nela, a então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, na época do Brasil Império, se declarou independente. O principal motivo para a Guerra dos Farrapos, que se configurou a mais longa revolta brasileira, foi o excesso de taxas impostas pelo Império, para os produtos como o charque, couros e graxas. Eis a origem da Republica Rio- Grandense. Mesmo perdendo terreno no decorrer da Guerra dos Farrapos, a luta significou a consolidação do Rio Grande como força política dentro do País.
Depois, entre 1893 e 1895, com a Proclamação da Republica houve, aqui no Sul, a Revolução Federalista. Nela dois grupos políticos locais pleiteavam o poder: o Partido Federalista e o Partido Republicano Riograndense, o vencedor desta luta. E finalmente, fechando a tríade de lutas, veio a Revolução de 1923. Conseqüência da Revolução Federalista. Nela os maragatos (dos lenços vermelhos) brigavam pelo fim da continuidade no poder exercida pelos chimangos (dos lenços brancos). Foi uma guerra desigual, pois os chimangos eram mais numerosos e bem armados, que durou apenas 11 meses. Porém, a revolução de 23 proporcionou ao Rio Grande do Sul articular uma política de paz que viria a se consolidar em termos nacionais, tendo sido Getulio Vargas o líder vitorioso do Movimento de 30, que colocou fim a Republica Velha.
De lá para cá, lutas e batalhas ficaram restritas a memória do nosso povo. A crescente industrialização e a forte expansão do setor terciário fizeram os habitantes da área rural a buscar, nos centros urbanos, novas oportunidades de ascensão social. Porém, o gaucho campeiro, sem conseguir se adaptar aos costumes da cidade recriou nela as suas origens rurais. Surgem então, no fim dos anos 40, o Centro de Tradições Gaucha. No “galpão campeiro” ele mantém a tradição do churrasco, o chimarrão e os fandangos. Sempre com a presença das figuras do patrão, da prenda com seu vestido de chita e do peão com sua “pilcha” e seu lenço vermelho ou branco. É, portanto, neste novo cenário, que se exaltam e homenageiam os feitos, a história e cultura do povo gaúcho.
Pois, em nossa cidade temos três CTG’s (Centro de Tradições Gaucha). O Tropilha Crioula, um dos pioneiros, foi o 9º CTG a ser legalmente registrado no Estado. Fundado em 25/04/1957, na sede do Clube Aliança, por 200 pessoas. Seu primeiro baile realizou-se no dia 27/07/1957, na sede do Tabajara Futebol Clube. Precisou ser interrompido na metade, pois o município foi assolado por uma enchente naquela noite. Atualmente em sua sede realiza fandangos e tem uma invernada artística e campeira. Com o crescimento do movimento tradicionalista no estado, na década de 80, surge o CTG Getulio Vargas. Fundado em 14/05/1985, com 20 integrantes, adquiriu um terreno do Sr. Breno Ponzi, e fez uma Sede ampla. Atualmente com 500 sócios tem, além de bailes e da invernada campeira, uma invernada artística. Que agora esta acrescida da Invernada Xiru, cujos componentes tem acima de 30 anos, sendo a primeira na região do Alto Uruguai. Conta, também, com um Museu onde ficam expostas peças antigas que foram doadas pela comunidade. Tradicionalmente na sua sede na semana Farroupilha serve um café de chaleira, inclusive neste ano. Recentemente, em 23/07/1999, com 30 integrantes foi criado o CTG Potro Xucro. Não possui uma sede própria definitiva para realização de seus eventos, que ainda são feitos em outros Centros Tradicionalistas. Tem uma invernada campeira atuante e não cobra anuidade de seus integrantes.
Neste ano a cidade de Getulio Vargas inova em seus festejos na Semana Farroupilha. No Centro Administrativo Municipal esta ocorrendo o primeiro Acampamento Farroupilha. Ele objetiva congregar, num único local, além dos CTG’S, os DTG’S (departamentos tradicionalistas gaúchos), os piquetes, os cavaleiros, enfim todos que cultuam e zelam pela tradição gaucha. Durante a semana ocorrem cursos, atividades culturais, muita comida típica e shows musicais. Espero que se obtenha êxito e a tradição gaucha saia fortalecida para edições futuras. E, quem sabe, num futuro próximo, até com desfiles temáticos como acontecem em outras cidades gaúchas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário