Este blog é para postar os artigos que são publicados no jornal A Folha Regional, de Getúlio Vargas, de autoria de Paulo Dalacorte.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O TROUXEDOR

“As Ilusões vem dos céus, e os erros de nós mesmos”- Joseph Joubert.

Permito-me aqui reproduzir parte da coluna de José Roberto Torero, publicada na Folha de São Paulo, do dia 16/02/10. O titulo é: Torcedor + trouxa = Trouxedor. Inicialmente diz ele: Torcedor, segundo o dicionário Houaiss, significa “Aquele que torce nas competições esportivas”. Já “trouxa” quer dizer “Aquele que é facilmente iludido; tolo”. Pois bem, creio que precisamos de uma nova palavra: “trouxedor”. Uma mistura de trouxa com torcedor. É isso que nós, aqueles que gostamos de ver uma partida de futebol ao vivo, somos.” Deste modo ele, Toreiro, discorre até o fim do seu texto sobre as agruras que é chegar e entrar num estádio de futebol nos tempos modernos. Pego o gancho para fazer um relato pessoal nesta crônica.
Desde pequeno fui apaixonado por futebol. Inicialmente, como mascote do Esporte Clube Cobra Preta, levado pelo tio e padrinho Paulo Filipon. Mais crescido já dava os primeiros chutes num campinho feito de serragem atrás da oficina de altares do meu avô Pedro Dalacorte e da fábrica de formas de tamancos do Seu Francisco Melati. Na adolescência, meu pai construiu, para mim e minha turma, um campo de futebol sete. Era todo cercado e tinha até vestiário. Situava-se onde atualmente esta a Garagem e Ferro Velho do Iran.
Até que conclui o curso secundário e fui morar em Porto Alegre. Então, jogar futebol se tornou esporádico, com algumas peladas no parque da Redenção. Passei, de jogador, a expectador. Meu programa de domingo era assistir aos jogos do Grêmio. Na época, o ingresso da geral era barato. Quase, exceto grandes decisões, não havia filas nem cambistas. Além do que, sempre tinha uma cerveja gelada na copa (naquele tempo era permitido). Sem contar, que também assisti o nosso TA-GUA ganhar do Grêmio, uma façanha inacreditável e insuperável. Portanto, estas idas ao campo de futebol eram motivo de alegria. Relembrava um pouco meus tempos de jogador. Excursionávamos pelo interior ou cidades vizinhas a Getulio Vargas com o Cobra Preta, no micro ônibus do seu Luis Prezoto.
No regresso para Getulio Vargas assisti aos jogos do TA-GUA, quando na primeira e na segunda divisão. Também jogos do Campeonato Municipal, que tem no Guaíba uma entidade que sempre se faz presente. Aos grandes jogos da dupla GRE-NAL, agora assisto no “Fuxicão”, que sempre tem cerveja gelada. Habitualmente ao longo destes anos temos cadeira cativa lá. Somos considerados a turma do camarote e há fortes boatos que o Nilson e Lizandra, no futuro inclusive vão climatizar (risos) nosso ambiente. Isto tudo para nos separar da galera da geral que fica assistindo no telão do lado de fora.
Pois, depois de muitos anos fui ver os dois últimos clássicos Gre-nal, em Erexim, para relembrar os velhos tempos de juventude. Nas duas ocasiões o calor era insuportável. Com valores de ingressos “astronômicos” imaginei que teria ao menos um pouco de comodidade. Na primeira ocasião faltou água, refrigerante ou qualquer liquido para atender aquele público presente. Já na segunda ocasião, em que o sol não foi o fator preponderante, pois o clássico foi jogado a noite assisti ao jogo inteiro de pé. Havia mais pessoas que acomodações para a torcida do Grêmio.
Portanto, tenho absoluta certeza que foi um verdadeiro fracasso minha tentativa de retorno ao estádio. Troquei a comodidade do Fuxicão, pelo, no mínimo, desconfortável campo de futebol. Confesso que como torcedor apaixonado e iludido pelo saudosismo fui o verdadeiro Trouxedor.

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