Este blog é para postar os artigos que são publicados no jornal A Folha Regional, de Getúlio Vargas, de autoria de Paulo Dalacorte.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Capão Novo, com toque getuliense


“Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário ter pessoas para transformar seu sonho em realidade...” Walt Disney
Há alguns anos que vou a Capão Novo, distrito de Capão da Canoa, nas  férias. Foi à primeira praia planejada do RS, onde praticamente não há terrenos baldios. Tenho o mesmo local de parada, a ADJORI, na Rua das Andorinhas. E, frequento o mesmo quiosque na beira da praia. Pode parecer rotina da qual costumamos esquecer neste período, mas naquele local me sinto em casa. 
São umas vinte quadras em direção a praia e no sentido horizontal umas quinze quadras. As ruas têm nomes de flores e pássaros. Com prédios nas laterais e casas conjugadas no meio. No centro de tudo, onde passa  a Av. Paraguassú instalou-se o comércio. Lojas, mercado, farmácia, posto policial, bares e restaurantes, enfim uma boa prestação de serviços para o bem estar da população.  
E, para completar tem um toque getuliense. O empreendedor deste projeto, o Sr. Elmar Wagner, é natural de Getúlio Vargas. Sua empresa atual, a Wagnerpar, que se denomina apaixonada pela praia, tem no currículo além de Capão Novo, os condomínios residências Xangri-la Villas Resort, Atlântida Lagos Park, Condado de Capão, Bosques de Atlântida, Riviera Xangri-la, Enseada lagos de Xangri-la e mais recentemente o Costa Serena.
Por todo este curriculo de sucesso, o Seu Wagner como é conhecido em Capão Novo é admirado pelos seus habitantes. E não seria diferente com o Alemão, o dono do quiosque que frequento na praia, defronte ao posto 61. Entre papos e cervejas, o alemão falou que conhece pessoalmente o seu Wagner. Que graças a ele e suas viagens houveram grandes avanços para Capão Novo.
 Sem falar nas tantas novidades arquitetônicas, contou de outras duas espécies que  haviam sido introduzidas a Capão Novo pelas mãos dele. Uma delas apontou do seu quiosque, para uma arvore de nome Casuarina, que ele trouxe da Australia. Semelhante ao Pinus é utilizada de abrigo junto à costa. Extremamente tolerante a ventos e efeitos do mar ela ajuda na estabilização das dunas.
Pois a outra, segundo o alemão, é o Pardal. Disse que corre boatos que o Seu Wagner trouxe da serra gaucha. Sim senhores aquela peste urbana, que tem sua origem no oriente médio e trazido para o Brasil por volta de 1900, proveniente de Portugal, hoje é comum em todos os países do mundo. E que, segundo os gringos mais devotos, nem para uma boa passarinhada serve. 
É claro que contestei o Alemão de imediato, sobre esta sua informação.  Nem em sonho, mesmo que tivesse este poder, disse a ele que o seu Wagner não faria tamanha bobagem. Porque após criar tão magnífico espaço de lazer ele não espalharia pela praia esta peste invasora, que prejudica a alimentação e reprodução de outras espécies.  
Certamente se sonhasse que este boato do pardal ganharia forma na comunidade local, imagino que o seu Wagner ao desenhar e construir Capão Novo iria colocar no entorno e acima da sua criação arames, similar a uma enorme gaiola. Onde apenas entrassem pessoas, mantimentos, sol, chuva, flores. Pardais ao invés de estarem dentro ficariam do lado de fora, invadindo espaços menos nobres. 

Publicado no jornal A Folha Regional em 22 de fevereiro de 2013.