Este blog é para postar os artigos que são publicados no jornal A Folha Regional, de Getúlio Vargas, de autoria de Paulo Dalacorte.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

No Jornal

“Um editor de jornal é alguém que separa o joio do trigo- e publica o joio” – Adlai Stevenson
       Ter o tempo como obstáculo e produzir informações para obter resultado claro, de forma precisa e, principalmente imparcial, é provavelmente a meta de um jornal que tem o compromisso com seu leitor.
       Grandes jornais diários buscam dar informações de maior abrangência. Incluem notícias nacionais e internacionais, e diversos cadernos encartados com temas variados, entre eles carros, classificados, construção, viagens e muitos outros.
       A Folha Regional é um jornal de abrangência estrita e procura informar sobre assuntos locais. Quando em vez publica notícias estaduais, nacionais ou até internacionais, sempre que há pessoas ou fatos relacionados à nossa comunidade.
      Depois de algum tempo escrevendo crônicas para o jornal “A Folha Regional” sempre tive uma grande curiosidade. Queria saber como é escrever um texto na própria sede do jornal, em sua redação e para ser publicado na mesma semana.
      Decidi, então, na tarde de terça-feira (15/10/13) entre 16 e 18 horas, ir à sede do jornal. Além de acompanhar mais atentamente a rotina do pessoal trabalhando para fechar uma edição semanal, faria minha crônica “in loco” neste tempo.
      Pois durante meu escrito o silêncio imperava. Barulho, apenas do digitar no teclado. Cada um dos integrantes (Anissara, Neivo, Querulin e Thomás) concentrados fazendo sua parte na confecção de mais uma edição, com olhar fixo no computador.
      O diálogo entre eles neste ínterim foi apenas o essencial, para separar o joio do trigo, buscando a melhor maneira de divulgar notícias e informar seus leitores sobre os fatos que fazem a história da região.
       Paradas apenas para atender pessoalmente clientes, no toque do telefone ou quando chega e-mail de importância que solicitam anúncios ou para relatar mais alguma notícia.
Agora mesmo, enquanto escrevo, chegou um anúncio institucional sobre investimentos no RS do Governo Federal. Anúncios, que para seu conhecimento leitor é a grande fonte de renda para manter o jornal ativo.   
       E a pauta, enquanto eu escrevia esta crônica, na redação era sobre o “Outubro Rosa”, e a programação que vem sendo realizada nos municípios da Região (Estação, Getúlio Vargas e Sertão) sobre a campanha preventiva da saúde da mulher.
       Confesso foi uma experiência um tanto diferente de escrever sentado longe do meu computador. O objetivo era não parar de escrever até concluir a Crônica “ “No Jornal”, e retratar a você leitor, um pouco desta rotina diária no nosso jornal.
       Enfim, texto terminado, informação prestada e os parágrafos de uma ou outra máquina em que estas linhas foram digitadas serão ajeitados pelo Thomás ou pela Querulin. Que depois serão diagramadas na página para sair na edição impressa do fim de semana.

Publicado no jornal A Folha Regional em 25 de outubro de 2013.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Valdirene e as fãs Getulienses

“Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura.” Aristóteles

Fazia anos que não via novela. Porém, levado pelas mulheres da casa voltei a assistir “Amor à vida”. Acabei me amarrando, e sempre que posso olho a Valdirene, “a inteligência pura”. Personagem divertida, tudo que fala ou faz acaba sendo cômico.
Dias atrás estive em João Pessoa, junto com Lore (esposa), Siane (prima) e Cida (amiga). Uma visita para o primo Ebert, irmão da Siane. E num único dia não vi a novela. Fomos ao Rio Paraíba, para ver o Por do Sol do Jacaré.
Mesmo assim lembrei a Valdirene e suas trapalhadas. Naquele dia as fãs getulienses, Lore, Siane e Cida encarnaram seu espírito. Resolveram preparar um almoço para o Ebert. Unir a comida do sul e do nordeste. Fazer uma polenta com carne de sol ao molho.
 As inteligências puras dispensaram Jô, empregada da casa, para auxiliar nas compras. No mercado mudarem o cardápio. A carne estava feia, então compraram carne de porco para assar e queriam mais algo para complementar.
Lore sugeriu pegarem guisado para fazer em molho. Cida aceitou e foi logo pedindo ao açougueiro. “Moço este guisado é de primeira ou segunda”. O açougueiro respondeu que guisado era carne picada. E, sem saber o que responder disse que aquilo era carne moída. .
Cida disse para ele embalar 500 gramas da moída, mas Siane achou pouco. Foi logo dizendo: “embale um kg”. Afinal, com a sobra, fariam uma lasanha no dia seguinte. Felizes deixaram as compras e incumbiram a Jô para o preparo, saindo para a praia.
No almoço, exceção do Ebert, todos se serviram. Ele perguntou se era carne moída e tinham visto moer ela. Responderam que o açougueiro disse ter moído pouco antes de elas pegarem. Cida disse inclusive a Jô nunca ter comido guisado tão maravilhoso.
Para as cozinheiras de plantão ressalto que o guisado era um pouco mais escuro, de uma carne mais rala e com um gosto forte. Tive a sensação que ele rasgava na goela. Lore inclusive chegou a se engasgar no meio da refeição precisando sair da mesa.
 Enfim no meio da tarde a Cida começou a se sentir um pouco ruim do estomago. Quando assistíamos o por do sol do jacaré, Ebert disse que provavelmente era porque não estávamos acostumados a comer carne de jegue.
Desconfiadas da informação, as inteligências puras, recordaram de pequenos detalhes. Há tempos não me diverti tanto como naquela tarde/noite, imaginando a cena.
Imaginem o que o açougueiro poderia ter pensado das loucas ao pedir se a carne de jegue era de primeira ou segunda. E a Jô, que misturava a carne moída na polenta para comer e fechava os olhos. E, que nem para seu cachorro quis levar a sobra.
Pois, ainda não satisfeitas com informações do Ebert, na manhã seguinte com a chegada de Jô perguntaram a ela se era mesmo carne de jegue. Ela não só confirmou, mas falou que não sabia se era de macho ou fêmea. Afinal tinha uma grande diferença.
Se fosse fêmea o cheiro saia logo, mas se era macho ficaria o cheiro na pele por uns seis meses ou mais. Siane chegou a arregalar os olhos. E eu, depois de ouvir fico todo dia a me cheirar. Estou certo que a carne moída era  mesmo de um macho.
Publicado no jornal A Folha Regional em 19e20 de setembro de 2013.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Turma dos FIÉIS

Quando residia em Porto Alegre, aproveitava as férias para vir à minha terra natal. E, enquanto aqui permanecia tinha um encontro marcado nas noites de Sexta: a turma dos Fiéis.
Seus seguidores batiam o ponto com qualquer tempo. Apreciadores de um jogo de cartas, dominó ou um simples bate papo. Claro, sempre regados a um maravilhoso churrasco, um vinho ou uma cerveja gelada.
No início a Turma tinha como local de encontro o Galpão do Lebrão. Com o crescimento dela houve a transferência para a sede do Cobra Preta. Só posteriormente ocorreu a mudança para o local onde comecei a freqüentar.
Fui levado à primeira vez pelo meu tio Paulo Filippon. O local era um porão nos fundos da casa, que depois pegou fogo, onde atualmente se localiza a Imobiliária Forlin.
Um dos fundadores do grupo, junto com os irmãos Airton e Arlei Karpinski, o saudoso Juruna açougueiro do mercado, era o locador da casa nos fundos deste terreno e provavelmente quem conseguiu o local emprestado.
Todos os encontros tinham os mesmos organizadores: o Milton Giareta e o Otávio Sanzanowscki. Funcionários, a época, do Escritório Contábil Oleksinski. E, ligavam sempre aos assíduos para confirmar presença.
Com meu retorno em definitivo para Getulio Vargas, me efetivei semanalmente. Então houve o incêndio e, ficamos temporariamente sem local e também uma única Sexta feira sem o tradicional encontro.
Aceitamos a oferta do então Capitão da Brigada Militar, o Chico Liberal, também companheiro dos Fiéis. Fomos provisoriamente para o galpão de festas na sede daquela entidade.
Lá permanecemos mais de ano, e neste tempo houve muitas reuniões para adquirir um terreno para sede própria. O Andretta havia até se prontificado a doar brita e concreto para a futura obra.
Não fechou e talvez premonição que não iria durar muito tempo. Prazo esgotado na Brigada, mudamos para a Oficina do Gilberto Müller. Nos acolheu feliz da vida e na inauguração resolveu assar um  matambre recheado.
Foi um sucesso, mas não na primeira volta do espeto. Que aconteceu  perto das dez da noite. Com a euforia da casa nova esqueceu-se de colocar mais lenha no fogo. O matambre ficou literalmente cru.
Quem teve um pouco de paciência jantou, à meia noite obviamente. Talvez tenha sido a última noite que estivemos com a casa cheia,com todos freqüentadores dos mais antigos aos mais novos.
Alguns encontros a mais e subitamente perdemos um idealizador e organizador. O querido amigo, compadre e companheiro Milton Giareta. E, sem ele as noites de Sexta-Feira ficaram mais vazias e sem graça.
 Os fiéis, até tentaram seguir adiante durante algumas sextas-feiras, porém a tristeza e a saudades do Milton fizeram com que fossemos nos dispersando lentamente até que se extinguiram os encontros.
Na lembrança as boas noitadas de uma turma que durou 22 anos. E, logo adiante quando nos encontrarmos com o Milton estaremos retomando a Turma dos Fiéis, que ele agora comanda nas noites de Sexta-Feira lá em cima.


Publicado no jornal A Folha Regional em 30 de agosto de 2013.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Doador e suas constatações

"Para ver muita coisa é preciso despregar os olhos de si mesmo". Friedrich Nietzsche

Com o passar do tempo vamos constatando algumas coisas na vida. A principal delas é que as mudanças são visíveis, e que gostando ou não delas temos que nos adaptar ao novo.

Não sei mensurar se para melhor, isto cabe a cada um, no seu conceito de vida. Porém, elas acontecem. No mundo, na sua volta, na rotina e no proprio corpo.

Pasme, o Papa já não necessita morrer para ser trocado No Brasil, não se precisa mais de sindicatos para ter greves. Até a Praça Flores da Cunha esta modificada e tem pista de skate nela.

Meu habito da janta foi abolido, pois sobrecarrega meu estomago. O exercicio fisico esta mais moderado pois do contrario ataca minha bursite. E quem diria meus cabelos ficam raros e brancos dia após dia.

Pois, lembrei que há alguns anos lançaram a campanha para doar orgãos. Desde lá digo aos amigos que meu projeto é doar os olhos. Uso aquele ditado que diz que: "vou morrer e nem sei se verei Deus".

Entao, desta forma ao menos posso ver todas mudanças mundanas, sem minha presença fisica. E, confesso, que se encontrar Deus acharei um jeito de pedir a Ele que não me deixe cego.

Pois, agora fazendo um check-up do meio seculo de vida, começo a concluir que para chegar a tão sonhada velhice, meus orgãos estarão tão comprometidos que não servirão para niguém.

Inicialmente constatei que tenho excesso de ferro no sangue. Que ao tira-lo, não posso doar para salvar vidas, e ele deve ir para o lixo. Não serve sequer para "morcilha"(risos).

Também que meus olhos, aqueles que imagino doar, estão cansados e precisam de auxilio de lentes para ler. Mas passados mais uns anos, é provavel que com elas não enxerguem nada.

Isto que estou na fase inicial do meu check-up. Falta muito para todo meu corpo ser mapeado por completo. Do jeito que está andado alguns outros problemas ainda serão detectados.

Talvez mais meia duzia de médicos e lá vem um veredito: transplante. E então, haverá partes do meu corpo sendo substituidos por outros de borracha, plastico ou de algum animal irracional.

E, finalmente a mais obvia de todas constatações. De doador, logo, logo, se avançar na idade mudarei para receptor de orgãos. Para continuar, ainda enquanto vivo, vendo as transformações a minha volta.
 
Publicado no jornal A Folha Regional em 23 de agosto de 2013.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Bolsos Vazios

“Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem.” - Bertold Brecht
 Esta crônica já tinha sido deletada. Chegamos a um acordo, eu e a redação da Folha, que pela demora ela não mais seria publicada. Estava há dois meses na pauta e faltava espaço, indo para a próxima edição. 
Após todas as manifestações ocorridas no Brasil, acho que vale a publicação. Pode de alguma forma ajudar a melhorar um pouco nossa confiança na política. Segue, portanto, abaixo o texto original. 
Não gosto de usar, em crônicas, títulos de matérias veiculadas em outros jornais. Abro nesta uma exceção. Demorou a ser publicada, mas acredito ser relevante e importante uma reflexão sobre o assunto. 
Bolsos Vazios foi matéria veiculada na ZH em 28/02, p.10, assinada por Elton Scolla. Relata projeto de lei que tramita no Senado Federal e visa abolir a remuneração mensal dos vereadores.
 Esta lei, se aprovada valeria para municípios que tenham menos de 50 mil habitantes, ou seja, aproximadamente 3650 deles no Brasil. O que, em termos percentuais representa 80% das cidades brasileiras. 
Ao ler a matéria pensei na minha pequena cidade, Getúlio Vargas. Aqui, a Câmara de Vereadores, se reúne toda semana. São nove vereadores e cada um recebe aproximadamente R$ 2.000,00 reais/mês.
Dirão alguns ou muitos que os Vereadores têm enorme responsabilidade. Precisam basicamente analisar e aprovar, ou não, as contas do executivo. E, enviar projetos de leis para ajudar a comunidade. Que isto, num somatório, consome tempo e dedicação.
Ressalto, porém, que no quesito tempo e dedicação para o bem da comunidade cabe uma pequena comparação com outras entidades, sociedades e clubes. Aquelas que de alguma forma são tão úteis e  importantes quanto os Vereadores.
Cito algumas para exemplificar: o Cededica, Condica, ACCIAS, CDL, CTGs, o TCG, AABB, Rotary, Lions, Lar da Menina, Lar dos Idosos, APAE, Agepran, Centros Comunitários de Bairros (Santo André, Navegantes, etc..), e os do interior.
Bem provável que sempre há algum familiar ou conhecido seu numa destas entidades. E no mínimo 5 pessoas envolvidas em reuniões semanais, quinzenais ou mensais. Número, que é número muito superior se houver algum evento ou festividade.
Salvo algumas exceções, nunca há benefício econômico para um ou outro. São trabalhos gratuitos visando o bem comum e para promover o crescimento de cunho social, cultural, esportivo e econômico da localidade.
Então, se aprovado o projeto, suponho haverá uma economia aos cofres públicos. Também uma justa equiparação ao trabalho prestado por tantos outros cidadãos em prol do bem comum, e certamente um retorno ao tempo que o vereador não era remunerado pela sua boa vontade em servir ao povo.

Publicado no jornal A Folha Regional em 19 de julho de 2013.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Um gigante em movimento

“Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies. - Machado Assis”
Nosso hino diz que: “Verás que um filho teu não foge a luta”. Pois, esta semana, a juventude brasileira deu uma  brava demonstração de virtuosismo. Afinal o gigante estava deitado e adormecido em berço esplendido.
Lembrei das “Diretas Já”, em 84, que de bandeira em punho fui pra Rua, em Porto Alegre. Ah! Jovens, quanto poder há nas suas reivindicações. E quanto anseio de um futuro melhor para si e as gerações vindouras.
E são vocês que mostraram a sua cara e sua força para muito além das redes sociais. Vocês que tem o poder de fazer revoluções. Sairam de suas cadeiras e da net. Ousaram e, de bandeira na mão e rosto pintado, foram aos milhares para as ruas do País. 
Enfim o Gigante acordou. Inicialmente manifestaram seu descontentamento contra o aumento das tarifas do transporte público. Mas além disto, um recado aos governantes. Que nosso dinheiro precisa ser bem aplicado; na saúde, educação, segurança e infra-estrutura.
Que Basta e chega deste “jeitinho brasileiro”, da corrupção, da espera por promessas não cumpridas. Que deixaram de ser “cordeiros”. Perderam a paciência com o aumento dos impostos, da passagem, da impunidade a classe política, do “Mensalão”. e da falencia moral a que estamos submetidos. 
Expuseram ao mundo, a falencia moral a que todos estamos submetidos. Que precisa mais, muito mais, que o evento da Copa para satisfazer nossas necessidades. Um recado simples foi dado, e só um governo cego não entenderá a mensagem. 
O Gigante continua se movimentando diariamente, em todo Brasil. E aqui em Getúlio Vargas haverá também uma manifestação pacifica de rua. Vou com as minhas filhas prestigiar o evento e a nova geração das redes sociais.  
Avante meus jovens. Cara, coração e coragem. Mostrem a sua força e garra na construção de um País mais digno. Tenho a convicção que depois de todas estas manifestações teremos, todos nós brasileiros, perspectivas de um futuro melhor. Até terça a noite no calçadão, juventude getuliense.

Publicado no jornal A Folha Regional em 21 de junho de 2013.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Capão Novo, com toque getuliense


“Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário ter pessoas para transformar seu sonho em realidade...” Walt Disney
Há alguns anos que vou a Capão Novo, distrito de Capão da Canoa, nas  férias. Foi à primeira praia planejada do RS, onde praticamente não há terrenos baldios. Tenho o mesmo local de parada, a ADJORI, na Rua das Andorinhas. E, frequento o mesmo quiosque na beira da praia. Pode parecer rotina da qual costumamos esquecer neste período, mas naquele local me sinto em casa. 
São umas vinte quadras em direção a praia e no sentido horizontal umas quinze quadras. As ruas têm nomes de flores e pássaros. Com prédios nas laterais e casas conjugadas no meio. No centro de tudo, onde passa  a Av. Paraguassú instalou-se o comércio. Lojas, mercado, farmácia, posto policial, bares e restaurantes, enfim uma boa prestação de serviços para o bem estar da população.  
E, para completar tem um toque getuliense. O empreendedor deste projeto, o Sr. Elmar Wagner, é natural de Getúlio Vargas. Sua empresa atual, a Wagnerpar, que se denomina apaixonada pela praia, tem no currículo além de Capão Novo, os condomínios residências Xangri-la Villas Resort, Atlântida Lagos Park, Condado de Capão, Bosques de Atlântida, Riviera Xangri-la, Enseada lagos de Xangri-la e mais recentemente o Costa Serena.
Por todo este curriculo de sucesso, o Seu Wagner como é conhecido em Capão Novo é admirado pelos seus habitantes. E não seria diferente com o Alemão, o dono do quiosque que frequento na praia, defronte ao posto 61. Entre papos e cervejas, o alemão falou que conhece pessoalmente o seu Wagner. Que graças a ele e suas viagens houveram grandes avanços para Capão Novo.
 Sem falar nas tantas novidades arquitetônicas, contou de outras duas espécies que  haviam sido introduzidas a Capão Novo pelas mãos dele. Uma delas apontou do seu quiosque, para uma arvore de nome Casuarina, que ele trouxe da Australia. Semelhante ao Pinus é utilizada de abrigo junto à costa. Extremamente tolerante a ventos e efeitos do mar ela ajuda na estabilização das dunas.
Pois a outra, segundo o alemão, é o Pardal. Disse que corre boatos que o Seu Wagner trouxe da serra gaucha. Sim senhores aquela peste urbana, que tem sua origem no oriente médio e trazido para o Brasil por volta de 1900, proveniente de Portugal, hoje é comum em todos os países do mundo. E que, segundo os gringos mais devotos, nem para uma boa passarinhada serve. 
É claro que contestei o Alemão de imediato, sobre esta sua informação.  Nem em sonho, mesmo que tivesse este poder, disse a ele que o seu Wagner não faria tamanha bobagem. Porque após criar tão magnífico espaço de lazer ele não espalharia pela praia esta peste invasora, que prejudica a alimentação e reprodução de outras espécies.  
Certamente se sonhasse que este boato do pardal ganharia forma na comunidade local, imagino que o seu Wagner ao desenhar e construir Capão Novo iria colocar no entorno e acima da sua criação arames, similar a uma enorme gaiola. Onde apenas entrassem pessoas, mantimentos, sol, chuva, flores. Pardais ao invés de estarem dentro ficariam do lado de fora, invadindo espaços menos nobres. 

Publicado no jornal A Folha Regional em 22 de fevereiro de 2013.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Santa Maria, Rogai por nós


“Em cada despedida existe a imagem da morte. George Eliot”
Ultimo domingo de janeiro com manha ensolarada estava eu iniciando os preparativos do churrasco, e com as malas prontas para uma semana de férias na praia. Tudo em seus conformes até que a vizinha nos falou sobre o terrível incêndio ocorrido na madrugada de sábado na boate Kiss, na cidade de Santa Maria.
 Prontamente liguei a TV, acessei a net e as noticias já relatavam a morte de mais de duzentos jovens carbonizados ou asfixiados. A festa nominada “Agromerados” acabou sendo um aglomerado de jovens vitimas do incêndio. Cenas comoventes e chocantes, que certamente ficarão marcadas para sempre. 
Cito apenas uma, das muitas historias que marcarão em minha memória. Lembro o pai de uma vitima, que após reconhecer o corpo da filha no Ginásio Municipal, relatou chorando que o que havia visto era similar as imagens mostradas nos campos de concentração. Um amontoado de corpos, uma carnificina do século XXI. 
Passadas alguns dias do acidente, começam a ser esclarecidos muito fatos que culminaram com esta tragédia. A grosso modo existia um local superlotado, uma única saída de emergência, isolamento acústico inadequado e uso de artifícios pirotécnicos em local fechado, entre outras irregularidades que vem aos poucos sendo apontadas.
Esperemos, pois, o decorrer do inquérito policial e posteriormente a ação judicial. Que as autoridades cumpram o seu dever e responsabilizem os culpados. Ao menos desta forma se fará um pouco de justiça para aplacar a dor da perda de centenas de jovens.
Afinal, perdemos um pouco de nosso futuro como País. Pois estes jovens de todas as regiões do Brasil perderam a vida nesta tragédia. A maior parte deles fazendo enormes sacrifícios para realizar os sonhos de um futuro melhor para si e seus familiares. 
Nossa querência esta de luto, nesta que é considerada a maior tragédia no Rio Grande do Sul. As jovens vitimas que descansem em paz. Independente de religião ou crença oremos a Deus que abençoe a todos familiares e amigos que foram surpreendidos pelo trágico acontecimento. Enfim, a Santa Maria, rogai por nós.

Publicado no jornal A Folha Regional em 8 de fevereiro de 2013.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Futuro da Coleção de Gravuras - Parte Final



O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos. - Eleanor Roosevelt
No início apenas a vontade, a paixão e o sonho de seu dono. Hoje, passados mais de uma década, uma realidade viva e um bom caminho andado.  Anualmente a Coleção acrescenta em seu acervo novas obras, algumas de importantes Coleções Brasileiras. Amanhã talvez se torne consagrada e referência na arte gaúcha.
Porém, ao falar de futuro, é necessário um bom planejamento.  Difícil acreditar que algo seja promissor sem planos estratégicos. Estar atento e informado sobre o mercado de arte e ter contatos que acrescentem ideias na qualificação da Coleção é fundamental. E, também, buscar criar sucessor(a) ou formas de mantê-la futuramente.
Agora imaginem a Coleção como um cidadão brasileiro, ou uma empresa. Ela também sonha em ter sua própria morada. E já esta se concretizando esta possibilidade. Há um terreno definido, um projeto do arquiteto paulista Mario Figueroa, amigo e também colecionador de arte.
Notem, portanto, que a Coleção de Gravuras não é mais uma vontade e gosto pessoal do dono. Ela chegou à adolescência e quer interagir com sua cidade e o mundo. Afinal sua missão é exibir seu acervo, na sua casa e a todos os espaços destinados a divulgação da arte que possam estar interessados em admirar a arte gaúcha em gravura.
Bem se realizados todos estes planos talvez a cidade de Getúlio Vargas, terra natal da Coleção, seja incluída na rota de alguns bons eventos culturais do mundo das artes. Se depender do sonho do dono e dos colaboradores da Coleção a real concretização do futuro esta próxima. Aguardemos, pois os próximos capítulos.

Publicado no jornal A Folha Regional em 18 de janeiro de 2013.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O caminho da Coleção de Gravuras - Parte II


Covarde é aquele que não abre novos caminhos na vida, nem emprega as suas forças para enfrentar os obstáculos. - Autor Desconhecido
Durante o caminho na montagem da Coleção, surgem colaboradores que a fazem ultrapassarem os limites de nosso município. Individual ou coletivamente ajudam a organizar, a ampliar e a divulgar o seu acervo.
 Colabora, desde o início, Hugo Gusmão, diretor do Museu do Trabalho de Porto Alegre, repassando conhecimentos técnicos sobre gravuras. Depois, chegaram Mônica e George Kornis, casal carioca, com 35 anos de colecionismo, possuidores da maior coleção de gravuras do país. Foi deles a ideia de tornar a Coleção especializada na gravura gaúcha. 
Após, conheci Rubem Grilo, artista e curador de exposições.  Grande colaborador e divulgador da Coleção. Através dele parte do acervo foi exposto na mais importante mostra de gravuras realizada no Sul.  O evento denominou-se “Impressões – Panorama da Gravura Brasileira”, e se realizou no Santander Cultural em POA.
 Também importante a professora Roseli Pretto. Através dela, no ano de 2002, o acervo da Coleção foi exposto pela primeira vez no MAVRS em Passo Fundo. Pois, de lá até o momento foram realizadas oito mostras percorrendo cidades como Passo Fundo, Porto Alegre, Pelotas, Bagé, Erechim. Em Getúlio Vargas ocorreu, no ano de 2004, na Biblioteca Pública onde compareceram mais de seiscentas pessoas. 
Na mostra “Rubem Grilo na Coleção Paulo Dalacorte” realizada em Passo Fundo no MAVRS, os colaboradores Rubem Grilo e George Kornis compareceram pessoalmente, quando conheceram Getúlio Vargas. No texto de abertura para esta mostra George Kornis escreveu:
“Qual é o caminho!
Qual é o caminho que liga Passo Fundo ao Rio de Janeiro? Qual é o caminho! Não apenas chão – que conduz as magníficas gravuras de Rubem Grilo até a sala de exposição do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider em Passo Fundo? Esse caminho começa no Rio de Janeiro, local onde Rubem Grilo as cria, e, mais precisamente, a partir do sólido vinculo de amizade existente entre ele e eu. Como assim?É de fato um vinculo entre um artista plástico e um colecionador de gravuras e estudioso de artes, ambos do Rio de Janeiro, o elemento que gerou esta exposição? Na verdade não foi apenas esse fato, pois o caminho de ligação que estamos reconstruindo passa por Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul. O que!!???!! Sim, Getúlio Vargas, pois lá que mora Paulo Dalacorte. Quem? Paulo Dalacorte, um colecionador de gravuras, e amigo meu, que se torna também amigo e admirador da obra de Rubem Grilo – hoje reconhecidamente o maior xilogravador do Brasil. E daí? A coleção Dalacorte possui em seu acervo um conjunto de obras de Rubem Grilo, e, com base nesse fato, surge a possibilidade de propor aos dirigentes do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider realizar em Passo Fundo uma mostra de um padrão de qualidade estética que, de outro modo, tangenciaria o impossível. Proposta aceita, buscamos Dalacorte, Grilo e eu traçar caminhos que ligam mais do que cidades, pessoas. Sim, pessoas! Agora não apenas três, mas muito mais. Muito mais mesmo! Sejam bem-vindos ao mundo dos criadores de caminhos. George Kornis - Rio  de Janeiro – março 2004.
Portanto, o caminho traçado pela Coleção Paulo Dalacorte, ao longo deste período percorreu chão, levando não só uma seleção de gravuras do seu acervo, mas o nome da nossa cidade. Com certeza ampliou seus horizontes trazendo na bagagem gravuras, amigos e criando possibilidades até então inimagináveis. 

Publicado no Jornal A Folha Regional em 11 de janeiro de 2013.

O início da coleção de gravuras - Parte I


Por vezes a curiosidade abre novos horizontes, quando não, acende a chama do entusiasmo para procurá-los. - Textos Judaicos
A partir do momento que criei a necessidade, pela vontade e curiosidade de adquirir algumas obras de arte e decorar as paredes da minha residência, nasceu também, a ideia de formar um pequeno acervo de artes.
Pois o acervo da Coleção Paulo Dalacorte, ainda em formação, é o resultado do trabalho que se tem para reunir um conjunto de objetos da mesma natureza, no caso a gravura. Às vezes dura certo tempo na existência do colecionador, muitas vezes anos, outras por toda a vida. Portanto para se entender o sinônimo de colecionar é, sobretudo, aprender.
 Feitas as primeiras aquisições num consorcio de gravuras e gostando das obras de arte que recebi, era primordial e necessário aprofundar os conhecimentos sobre a gravura. A origem, as técnicas utilizadas, artistas que usaram a gravura como forma de expressão, enfim o que estivesse relacionado sobre o tema.
 Resumo, abreviadamente, ao leitor este “bicho” chamado gravura. Surgiu na China há dois mil anos atrás. Inicialmente usado para imprimir cartas de baralhos. Com o tempo foi dada outras utilidades como estampar livros e reproduzir imagens. Só no século XX, com a chegada da produção em série e o surgimento da fotografia é que foi mais difundida como obra de arte.
De um modo geral, chama-se “gravura” o múltiplo de uma obra de arte, reproduzida a partir de uma matriz. Trata-se de uma reprodução “numerada e assinada uma a uma”, compondo desta forma uma edição restrita de cópias. Existem vários tipos de gravura, ou, técnicas distintas de reproduzir uma obra. As mais utilizadas são: a gravura em metal, a litografia (na pedra), a xilografia (na madeira) e a serigrafia.
Desde 98 dedico um tempo diário para a coleção de gravura. E, especificamente para a gravura gaúcha e os artistas que nasceram ou adotaram nossa terra para viver.  O objetivo é ao longo do tempo juntar um número de obras que deem ao publico um panorama da evolução da arte gaúcha através da gravura.

Publicado no jornal A Folha Regional em 4 de janeiro de 2013.