Este blog é para postar os artigos que são publicados no jornal A Folha Regional, de Getúlio Vargas, de autoria de Paulo Dalacorte.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Valdirene e as fãs Getulienses

“Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura.” Aristóteles

Fazia anos que não via novela. Porém, levado pelas mulheres da casa voltei a assistir “Amor à vida”. Acabei me amarrando, e sempre que posso olho a Valdirene, “a inteligência pura”. Personagem divertida, tudo que fala ou faz acaba sendo cômico.
Dias atrás estive em João Pessoa, junto com Lore (esposa), Siane (prima) e Cida (amiga). Uma visita para o primo Ebert, irmão da Siane. E num único dia não vi a novela. Fomos ao Rio Paraíba, para ver o Por do Sol do Jacaré.
Mesmo assim lembrei a Valdirene e suas trapalhadas. Naquele dia as fãs getulienses, Lore, Siane e Cida encarnaram seu espírito. Resolveram preparar um almoço para o Ebert. Unir a comida do sul e do nordeste. Fazer uma polenta com carne de sol ao molho.
 As inteligências puras dispensaram Jô, empregada da casa, para auxiliar nas compras. No mercado mudarem o cardápio. A carne estava feia, então compraram carne de porco para assar e queriam mais algo para complementar.
Lore sugeriu pegarem guisado para fazer em molho. Cida aceitou e foi logo pedindo ao açougueiro. “Moço este guisado é de primeira ou segunda”. O açougueiro respondeu que guisado era carne picada. E, sem saber o que responder disse que aquilo era carne moída. .
Cida disse para ele embalar 500 gramas da moída, mas Siane achou pouco. Foi logo dizendo: “embale um kg”. Afinal, com a sobra, fariam uma lasanha no dia seguinte. Felizes deixaram as compras e incumbiram a Jô para o preparo, saindo para a praia.
No almoço, exceção do Ebert, todos se serviram. Ele perguntou se era carne moída e tinham visto moer ela. Responderam que o açougueiro disse ter moído pouco antes de elas pegarem. Cida disse inclusive a Jô nunca ter comido guisado tão maravilhoso.
Para as cozinheiras de plantão ressalto que o guisado era um pouco mais escuro, de uma carne mais rala e com um gosto forte. Tive a sensação que ele rasgava na goela. Lore inclusive chegou a se engasgar no meio da refeição precisando sair da mesa.
 Enfim no meio da tarde a Cida começou a se sentir um pouco ruim do estomago. Quando assistíamos o por do sol do jacaré, Ebert disse que provavelmente era porque não estávamos acostumados a comer carne de jegue.
Desconfiadas da informação, as inteligências puras, recordaram de pequenos detalhes. Há tempos não me diverti tanto como naquela tarde/noite, imaginando a cena.
Imaginem o que o açougueiro poderia ter pensado das loucas ao pedir se a carne de jegue era de primeira ou segunda. E a Jô, que misturava a carne moída na polenta para comer e fechava os olhos. E, que nem para seu cachorro quis levar a sobra.
Pois, ainda não satisfeitas com informações do Ebert, na manhã seguinte com a chegada de Jô perguntaram a ela se era mesmo carne de jegue. Ela não só confirmou, mas falou que não sabia se era de macho ou fêmea. Afinal tinha uma grande diferença.
Se fosse fêmea o cheiro saia logo, mas se era macho ficaria o cheiro na pele por uns seis meses ou mais. Siane chegou a arregalar os olhos. E eu, depois de ouvir fico todo dia a me cheirar. Estou certo que a carne moída era  mesmo de um macho.
Publicado no jornal A Folha Regional em 19e20 de setembro de 2013.